Filme baiano ‘Guardião’ estreia no Festival Rio LGBTQIA+ com olhar poético sobre afeto e masculinidade

Filme baiano ‘Guardião’ estreia no Festival Rio LGBTQIA+ com olhar poético sobre afeto e masculinidade

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia

Divulgação

Publicado em 27/06/2025 às 07:17 / Leia em 4 minutos

O curta-metragem “Guardião”, novo trabalho do cineasta baiano Eduardo Tosta, terá sua estreia nacional no Festival Rio LGBTQIA+, integrando a Seleção Oficial da mostra. A sessão especial está marcada para o próximo dia 6 de julho, às 17h30, no Cinema 2 do CCBB Rio de Janeiro (Centro Cultural Banco do Brasil).

A produção, que aborda identidade de gênero na infância, conflitos geracionais e manifestações folclóricas brasileiras, chega ao circuito assinada por um diretor conhecido por sua estética autoral e narrativa sensível. Filmado inteiramente em Salvador, o curta apresenta uma trama íntima e simbólica, centrada no embate afetivo entre um avô e seu neto diante de uma fantasia para uma festa folclórica.

Uma fantasia que revela silêncios

Na história, Lino é avô solo de um menino de 8 anos. Suas responsabilidades mudam de rumo quando, para uma festa de folclore brasileiro na escolinha, o neto decide ir fantasiado de Curupira, com saia e tudo. O convite, cheio de imaginação e afeto, desencadeia no avô sentimentos contraditórios e memórias adormecidas, dando início a uma delicada jornada sobre masculinidade, aceitação e cuidado intergeracional.

Cineasta Eduardo Tosta nos bastidores de ‘Guardião’ | Foto: Divulgação

“Eu tive a honra e o privilégio de ter feito esse filme. É um roteiro instigante, de uma poesia profunda, cheio de nuances. Logo na primeira leitura, nos oferece imagens povoadas por silêncios e olhares”, destaca o ator Carlos Betão, veterano da televisão e do cinema nacional, atualmente na novela “No Rancho Fundo”, da TV Globo. Ele interpreta Seu Lino com emoção contida e olhar profundamente humano.

Ao seu lado está a atriz Luciana Souza, conhecida por seus papéis em “Ó Pai, Ó” e “Bacurau”, que ressalta a potência política e cultural da obra. “Me alegra saber que diretores tão jovens tragam nas suas produções as manifestações culturais populares para falar de temas que estão na ordem das emergentes temáticas sociais. É logicamente desafiadora a criação de uma nova personagem e ao mesmo tempo estimulante. As ideias de Eduardo são lindas”, afirma.

O papel de Fernando marca a estreia do pequeno João Sena, de 8 anos, selecionado em testes realizados em Salvador. Sua atuação espontânea e genuína é um dos destaques do curta. Para o diretor Eduardo Tosta, “Guardião” nasceu de uma memória pessoal intensa, uma lembrança de infância que ressurge com força emocional.

“Sempre me fascinou a ideia de que o cotidiano familiar é o cenário das narrativas melodramáticas mais intensas, onde aconchego e desconforto raramente têm fronteiras nítidas. ‘Guardião’ nasceu de uma lembrança que ressurgiu como um relâmpago emocional, algo que pensei estar enterrado, mas que me tomou quando meus olhos marejaram ao lembrar da minha infância, da minha antiga casa, da minha avó. Naquele instante, soube que precisava transformar aquilo em filme”, revela o diretor.

Segundo ele, o curta “é uma história sobre infância queer, abismos geracionais e os tabus que ainda moldam as relações familiares, tudo contado como uma colcha de retalhos, fantasia folclórica e a beleza dos detalhes frescos da juventude, como corações de origami que se desdobram lentamente”.

Com passagens por festivais como Cannes, In-Edit e o Panorama Coisa de Cinema, Tosta firma com “Guardião” mais uma obra de destaque em sua trajetória no cinema independente baiano. A produção é da Camaleoa Filmes e foi contemplada pelo edital SalCine, com financiamento da Lei Paulo Gustavo, por meio da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador e Ministério da Cultura.

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