A primeira casa de espetáculos virtual e gamificada do mundo está em plena operação no Brasil desde o último dia 20 de maio. A e-Teatro WeDo! estreou com três produções exclusivas, em um cenário onde 46% das cidades brasileiras não possuem espaços culturais.
A plataforma é acessível via navegador e permite ao público participar dos espetáculos em tempo real por meio de avatares, emojis interativos, chat de voz e texto, uma solução inovadora para ampliar o acesso à arte.
Com tecnologia interativa inédita no streaming, a plataforma simula a imersão de um teatro físico, mas com a acessibilidade e alcance de qualquer lugar do país, promovendo uma nova forma de vivenciar espetáculos no ambiente digital. Ao invés de apenas transmitir gravações, como fazem os streamings tradicionais, o e-Teatro cria uma experiência gamificada e coletiva.

Interface da plataforma transporta usuário para um teatro virtual | Imagem: Divulgação
Antes do espetáculo, os avatares podem circular pelo foyer virtual, interagindo com outros convidados em chats de voz ou texto, promovendo uma socialização diferenciada. Em seguida, o espectador passa pela bilheteria digital, onde explora a programação do dia, seleciona sua sessão preferida e adquire o ingresso.
Ao entrar na sala de transmissão, além de assistir ao espetáculo em alta definição, é possível acompanhar a sessão com amigos, em tempo real, por meio de grupos com chat de voz, tornando cada apresentação uma vivência coletiva, mesmo à distância.
Cenário
O lançamento chega em um momento de consumo digital recorde no Brasil. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação 2023 (Pnad TIC), divulgados pelo IBGE em agosto de 2024, revelam que o país alcançou 164,5 milhões de habitantes conectados em 2023 – 88% da população com 10 anos ou mais (186,9 milhões). Desses internautas, 94,3% acessavam a internet diariamente. O cenário é reforçado por um estudo recente da Fundação Itaú, que aponta que 84% dos brasileiros preferem realizar atividades culturais online, confirmando a tendência de digitalização em múltiplos setores.
“O Brasil está cada vez mais conectado, mas a arte ainda não chega para todos. A plataforma muda isso, não apenas digitalizando os espetáculos, mas reinventando a experiência de assistir, interagir e se emocionar em comunidade”, defende Carol Guimarães, diretora e CEO da WeDo! Entretenimento.
A proposta também visa incluir classes B, C e D, e pessoas com deficiência, promovendo democratização real do acesso à arte. Os ingressos para os espetáculos são oferecidos a preços significativamente mais baixos do que os praticados em salas de teatro físico – R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia), seguindo a legislação vigente, que garante o benefício da meia-entrada a estudantes, pessoas com deficiência, jovens de baixa renda e idosos.

Os atores Leonardo Silva e Carolina Marafiga no palco do espetáculo ‘Nunca Vi uma Gaivota’ | Foto: Divulgação
Assim como no modelo tradicional, cada peça permanece em cartaz por tempo limitado, o que preserva o caráter efêmero e exclusivo das temporadas teatrais, estimulando o público a se programar e participar ativamente da agenda cultural da plataforma. As apresentações têm horários definidos, com sessões distribuídas ao longo da semana. Os ingressos dão acesso à sala virtual nos horários programados, com tolerância limitada para entrada após o início da peça. As sessões acontecem todos os dias às 20h30, com apresentações adicionais às 16h de quinta a domingo.
“Democratizar o acesso à cultura, para nós, é também reinventar a forma como ela pode ser vivida, sem substituir o formato tradicional, que continua sendo essencial e deve ser valorizado. A e-Teatro WeDo! surge como uma ferramenta complementar, capaz de ampliar o alcance e formar novos públicos em todo o país”, afirma Guimarães.
As três peças em cartaz são “Maria Peregrina”, drama premiado com direção de Claudio Mendel, inspirado em uma peregrina real; “Moléstia”, thriller psicológico dirigido por Marcéu Pierrotti que aborda abuso infantil e neurodiversidade; e “Nunca Vi uma Gaivota”, espetáculo metalinguístico com dramaturgia de Carolina Marafiga Minuzzi e direção de Flavia Pucci (que ilustra a imagem principal da matéria), livremente inspirado no clássico “A Gaivota”, de Tchekhov.