Morre Mãe Elda de Oxossi, última rainha da Igreja dos Homens Pretos do Recife

Morre Mãe Elda de Oxossi, última rainha da Igreja dos Homens Pretos do Recife

Redação Alô Alô Bahia

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Divulgação

Publicado em 12/05/2025 às 17:45 / Leia em 2 minutos

Morreu na tarde desta segunda-feira (12), aos 76 anos, a Yalorixá Elda Viana, conhecida como Mãe Elda de Oxossi, em Recife. Reconhecida como uma das figuras centrais da espiritualidade afro-brasileira no estado, Mãe Elda foi a última mulher coroada Rainha do Rosário na Igreja do Rosário dos Homens Pretos do Recife, em 1980.

Sua morte marca o encerramento de um ciclo de lideranças femininas negras à frente de uma das irmandades mais emblemáticas da resistência afrodescendente no país.

O velório ocorre ainda nesta segunda, na sede da Nação Porto Rico — terreiro onde Mãe Elda foi liderança espiritual e matriarca. O sepultamento está previsto para terça-feira (13), no final da tarde, no Cemitério de Santo Amaro, também no Recife.

Trajetória
Iniciada no candomblé aos 14 anos, Elda Viana dedicou a vida à religiosidade, à educação e à valorização das tradições negras. Além do trabalho como Yalorixá, atuou como alfabetizadora e conselheira comunitária, sendo referência para mulheres de terreiro, jovens da periferia e militantes da cultura popular. No terreiro, promovia atividades educativas, rodas de diálogo e ações voltadas ao fortalecimento da presença negra nos espaços públicos e culturais da cidade.

Mãe Elda teve atuação destacada junto à Nação do Maracatu Porto Rico, uma das mais tradicionais do maracatu de baque virado em Pernambuco. Sob sua orientação, a agremiação se consolidou como expressão cultural e espiritual, mantendo vivas as tradições de matriz africana.

A Yalorixá acompanhava ensaios, orientava lideranças e cuidava dos rituais ligados à espiritualidade do grupo, compreendendo o maracatu como uma extensão do terreiro e como forma de resistência cultural.

Sua coroação como Rainha do Rosário em 1980 representou um marco simbólico, rompendo barreiras em um espaço historicamente marcado pela exclusão de mulheres negras e pelo racismo religioso. Desde então, nenhuma outra mulher foi coroada na irmandade.

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