Matheus Vidal, atleta baiano de 30 anos, acaba de conquistar o topo do mundo no slackline. Natural de Itamaraju, no extremo sul da Bahia, ele venceu a Copa Mundial da modalidade, realizada na Bélgica no fim de abril, e ainda quebrou o recorde mundial: completou a prova em impressionantes 46 segundos e 76 milésimos. Único latino-americano na disputa, superou o alemão Sascha Grill, seu principal concorrente, destacando-se em técnica, equilíbrio e velocidade.
“Estou muito feliz com o resultado. É sempre uma honra muito grande representar o Brasil e a Bahia em competições internacionais. Volto para casa com a certeza que dei o meu melhor”, afirmou o atleta. De volta ao país, Matheus fez questão de visitar a sede da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), vinculada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), para agradecer o apoio do Governo do Estado, que garantiu sua passagem de retorno ao Brasil.
Agora, com foco total nos treinos, Matheus já mira o próximo desafio: o segundo mundial de 2025, marcado para os dias 13 a 15 de junho, em Paris, na França.
Paixão à primeira vista
Quem vê Matheus como referência global no esporte, talvez não imagine que ele iniciou no slackline há apenas oito anos atrás, aos 22 anos, quando ainda trabalhava instalando antenas digitais em Itamaraju. Foi durante um intervalo no trabalho que um vídeo do esporte chamou sua atenção. “Na hora, pensei: é isso que quero fazer da vida”, lembra, emocionado.
Desde então, o caminho tem sido de superação e conquistas. Em 2022, quebrou o recorde do maior highline urbano das Américas, atravessando 510 metros de fita a 68 metros de altura, e com os olhos vendados, no Vale do Pacaembu, em São Paulo. O recorde anterior era de 333 metros.

Foto: Jonas Konijnenberg
Referência nacional
Apesar do slackline ainda ser pouco difundido no Brasil, onde são cerca de 800 os praticantes de highline – apenas quatro são baianos —, Matheus já se destaca como o nome mais vitorioso da modalidade nacional. “Estou invicto desde 2017”, conta com orgulho, sem perder a humildade, o filho de uma família de pescadores, que precisou trabalhar desde cedo para ajudar em casa e que carrega uma trajetória marcada por esforço e determinação.
Depois de viver por oito meses no Capão, na Chapada Diamantina, Matheus se mudou para Cocalzinho de Goiás, onde mora com a companheira, a brasiliense Alice Amaral. Lá, entre treinos e aulas, mantém viva a paixão pelo esporte e o sonho de transformar vidas.
De volta às raízes
Mesmo com o reconhecimento internacional, o maior desejo do “Mago do Equilíbrio”, como é conhecido no meio e nas redes sociais, é retornar às suas origens. “Quero voltar para Itamaraju e ensinar o skaline e o highline para as crianças, para os jovens. Não tive nenhum acesso à arte e ao esporte quando era mais novo, mas sonho em transformar vidas no meu estado”, afirma.
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