A ministra da Cultura, Margareth Menezes, prestou esclarecimentos nesta quarta-feira (30), em audiência na Câmara dos Deputados, sobre ter recebido cachês pagos com recursos públicos para se apresentar no Carnaval de 2025. A polêmica envolve contratos firmados com as prefeituras de Salvador e Fortaleza, que pagaram R$ 640 mil à artista, segundo revelado pelo portal Metrópoles.
Durante a audiência conjunta das comissões de Cultura (CCULT) e de Fiscalização Financeira e Orçamentária (CFFO), Margareth defendeu a legalidade das apresentações e afirmou que não houve imoralidade ou conflito de interesse. “Em nenhum momento usei o cargo de ministra da Cultura para fazer shows. Se eu tivesse esse tipo de comportamento, poderia fazer muito mais”, declarou.
Ela ressaltou que os shows aconteceram durante o período de suas férias, fora do expediente, e que os cachês não envolveram verbas federais — o que está vedado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP). “O regime que eu assumo no ministério não é de dedicação exclusiva, mas de tempo integral. Isso não me impede de exercer outra atividade fora do horário de trabalho”, explicou.
Apesar disso, parlamentares da oposição consideraram o caso um exemplo de conflito de interesse e classificaram a atitude como “imoral”. Eles lembraram que, em 2023, a CEP havia orientado que a ministra deveria se abster de receber valores de entes públicos de qualquer esfera — orientação que posteriormente foi revista, limitando a proibição apenas à verba federal.
Deputados da base do governo saíram em defesa da ministra, alegando que há perseguição e destacando que outros servidores públicos — como médicos, advogados e professores — continuam exercendo suas profissões mesmo ocupando cargos no Executivo.
Margareth, que é cantora há 38 anos, também afirmou que abriu mão de boa parte da sua agenda de shows desde que assumiu a pasta e rechaçou a ideia de que tenha utilizado sua posição para beneficiar sua carreira artística. “Zelo muito pela minha carreira. Eu não faço isso, eu não preciso disso.”
A ministra realizou sete apresentações entre os dias 27 de fevereiro e 4 de março deste ano, período em que estava de férias. Três dos shows foram contratados por prefeituras, outros três contaram com apoio do governo da Bahia e um foi da iniciativa privada. Nem a gestão estadual nem a equipe da artista revelaram os valores pagos pelas apresentações.
Desde a revelação do caso, Margareth passou a ser alvo de pedidos de impeachment, investigações e requerimentos no Congresso Nacional e nos Ministérios Públicos da Bahia e do Ceará, além de uma apuração solicitada ao Tribunal de Contas da União (TCU).