A auxiliar contábil Larissa Amaral, de 25 anos, viralizou nas redes sociais após compartilhar sua experiência com um prêmio recebido em um sorteio corporativo, que acabou se tornando um caso judicial. A funcionária ganhou um Jeep Compass Longitude 2017 durante a confraternização de fim de ano da empresa onde trabalhava, a Quadri Contabilidade, mas o que seria um motivo de celebração se transformou em dor de cabeça. As informações são do Uol.
Segundo Larissa, o veículo apresentou falhas mecânicas poucos dias após a entrega, o que a levou a gastar cerca de R$ 10 mil em reparos. O caso gerou ampla repercussão devido ao histórico de reclamações envolvendo o mesmo modelo do carro e ao contexto em que o prêmio foi concedido: a permanência com o bem estaria condicionada a metas internas e à manutenção do vínculo empregatício por 12 meses.
De acordo com o relato publicado por Larissa em suas redes sociais, o carro foi anunciado como “novinho” e avaliado em mais de R$ 100 mil. No entanto, ela afirma ter descoberto que o Compass já havia sofrido sinistro, tinha desvalorização de cerca de 40% e foi entregue sem revisão completa. “Expectativa: carro novo. Realidade: veículo com histórico de acidentes, defeitos recorrentes e custos altos de manutenção”, escreveu.
A situação se agravou quando, segundo Larissa, ela tentou negociar o reembolso pelos reparos e acabou sendo desligada da empresa. Ela também relatou que o veículo foi recolhido pela empresa durante o processo de transferência de propriedade.
Além da disputa trabalhista, o caso chamou atenção por envolver um modelo de automóvel que já acumula reclamações de consumidores desde 2021. Entre os problemas relatados em diversas unidades do Jeep Compass estão falhas na transmissão, panes elétricas e defeitos no motor. Em 2022, o Ministério Público Federal e o Ministério Público de Minas Gerais moveram uma ação civil pública de R$ 50 milhões contra a Jeep, alegando falhas em veículos fabricados a partir de 2018. Embora o modelo sorteado seja de 2017, especialistas apontam que muitos componentes são similares entre os anos.
A Stellantis, responsável pela Jeep, fabricante do Compass, nega a existência de falhas estruturais e afirma que os veículos atendem a todos os padrões de segurança e qualidade exigidos.
Resposta da empresa
Em nota, a Quadri Contabilidade informou que o sorteio integrou uma campanha interna de incentivo com regras previamente estabelecidas. A empresa declarou que a transferência definitiva do veículo dependeria do cumprimento de metas e da permanência na empresa por um ano. Ainda segundo a nota, o Compass permaneceu em nome da empresa durante esse período por razões legais.
Sobre os problemas mecânicos, a Quadri afirma que o veículo passou por vistoria antes da entrega e que a única recomendação foi a troca da bateria, executada pela empresa. Também alegou ter oferecido a Larissa a possibilidade de devolver o carro sem ônus, o que teria sido recusado.
A empresa declarou ainda que a demissão da funcionária se deu por “motivos éticos e comportamentais”, não relacionados diretamente à disputa sobre o carro. Por fim, informou que buscou resolver a questão extrajudicialmente, mas que Larissa preferiu recorrer ao Judiciário com apoio jurídico.