O produtor Moisés Schmidt, dono da Schmidt Agrícola, em Barreiras, no oeste da Bahia, está investindo em um projeto ousado: construir a maior fazenda de cacau do mundo. A família tem tradição no cultivo de soja e algodão na região e desde 21, planta e exporta bananas para outros países.
No ano seguinte, em 2019, a empresa começou a cultivar cacau, com plano de chegar a 10 mil hectares para a fruta. Atualmente, são 400 hectares, sendo 70% implantados. A ideia de cultivar cacau é uma maneira também de preservar o chocolate. “Há um risco real de que as próximas gerações não conheçam o chocolate como ele é hoje”, diz o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
O cultivo da fruta vive uma crise séria. “A falta global de cacau é tão severa que já se fala em uma nova geração de doces, feitos majoritariamente de açúcar, gordura de palma e trigo. A escassez é tamanha que algumas indústrias admitem que, se não agirem agora, terão de reformular completamente seus produtos.”
O projeto de expansão de lavouras de cacau tem como modelo o sistema de pleno sol com irrigação tecnificada, em vez do cacau de cabruca, ou floresta, porque o objetivo é escalar a produção. O custo não é pequeno.
Na área piloto, a empresa faz um investimento da ordem de R$ 200 mil por hectare, o que inclui o preparo de solo, a irrigação, as mudas e os tratos culturais nos primeiros três anos. A empresa teve que investir também R$ 25 milhões por causa da falta de mudas de qualidade no mercado. A solução foi montar o maior viveiro de cacau do mundo. Batizado de BioBrasil, a atual produção é de 3,5 milhões de mudas por ano, com meta de chegar a 10 milhões até 2027. “O cacau é uma cultura que sempre foi vista como de pequenos produtores, mas que tem um enorme potencial de escala, porque o mercado é deficitário no Brasil e a demanda internacional cresce em ritmo acelerado”, diz Schmidt.
No começo deste ano, ele esteve em Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Senegal e voltou convencido de que a tecnologia, a irrigação e a escala produtiva brasileiras podem transformar o país em um dos maiores produtores mundiais de cacau. A previsão é retornar ao continente para prestar atenção a outros detalhes. “Temos tecnologia, temos gente capacitada e agora existe um desafio global que só pode ser enfrentado com eficiência. O Brasil domina as condições para assumir esse papel na cacauicultura mundial – e vamos cumprir o dever de casa”, diz.
As informações são da Forbes