Diferença de temperatura entre bairros de Salvador pode chegar a 6,5ºC; entenda

Diferença de temperatura entre bairros de Salvador pode chegar a 6,5ºC; entenda

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia com informações do g1

Manu Dias/GOVBA

Publicado em 26/04/2025 às 14:34 / Leia em 4 minutos

Um estudo que traçou o mapa térmico da área urbana de Salvador revelou que a diferença de temperatura entre bairros da capital baiana pode chegar a 6,5°C durante o período da tarde, considerado o horário de pico de calor.

A pesquisa aponta que bairros com mais áreas verdes ou próximos a corpos d’água registram temperaturas mais amenas. Já regiões densamente urbanizadas, com pouca arborização e grande presença de asfalto, apresentam os índices mais elevados.

O levantamento faz parte da campanha “Observatório do Calor (Heat Watch Campaign)”, coordenada pelo professor Paulo Zangalli Júnior, do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O projeto conta com apoio da Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal (Secis) e da Defesa Civil de Salvador (Codesal), além da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos.

O estudo ressalta que o calor extremo é um desastre natural que não afeta todas as pessoas da mesma maneira, já que moradores de bairros historicamente negligenciados, com acesso limitado a recursos e áreas verdes, e pessoas com condições de saúde vulneráveis, estão mais expostas aos seus impactos.

Em nota, a Prefeitura de Salvador afirmou que “o enfrentamento ao aumento das temperaturas, intensificado pelas mudanças climáticas, exige uma atuação técnica, coordenada e contínua” e destacou ações em curso que visam tornar a cidade mais resiliente, sustentável e justa.

Os mapas de calor produzidos mostram que as áreas socioeconomicamente mais vulneráveis também tendem a registrar as maiores temperaturas, aumentando riscos à saúde e à qualidade de vida. Enquanto bairros como Ilha de Maré, Massaranduba e Periperi, na região do subúrbio, registraram máximas de até 34,6°C, áreas como Pituaçu, Pituba, Costa Azul, Graça e Vitória marcaram até 28,1°C.

Segundo o professor Zangalli, a pesquisa busca responder duas questões principais: como o calor afeta a vida das pessoas em seus locais de moradia, trabalho e lazer; e quais soluções podem ser implementadas para reduzir os impactos do calor extremo.

Para isso, desde 23 de janeiro, foram coletados dados de temperatura a cada 15 segundos em diferentes pontos da cidade. As medições, feitas em três horários distintos — entre 6h e 7h, das 15h às 16h e das 19h às 20h —, utilizaram sensores instalados em veículos da Defesa Civil.

O levantamento percorreu 16 rotas predefinidas, incluindo uma na Ilha de Maré e outras 15 na parte continental. Ao todo, foram realizadas 103.980 medições, posteriormente cruzadas com dados de satélite e processadas com auxílio de supercomputadores, o que resultou em mapas térmicos de alta precisão.

Embora imagens de satélite forneçam uma visão geral, o mapeamento de campo permitiu uma análise mais detalhada, levando em conta fatores como topografia e circulação de ar, que influenciam diretamente a formação das ilhas de calor.

O estudo também projeta os impactos das mudanças climáticas na temperatura de Salvador até 2050 e 2100. Em um cenário mais otimista, espera-se um aumento médio de 1°C até 2100; no cenário mais pessimista, o aumento pode chegar a 2,5°C.

Projeções

Atualmente, Salvador registra de 35 a 40 dias por ano com temperaturas acima de 32°C. A previsão é que esse número suba para entre 50 e 70 dias em 2050 e entre 60 e 150 dias até 2100, dependendo do cenário climático. Além disso, hoje são raros os dias com temperaturas acima de 35°C, mas a expectativa é que a cidade tenha de 1 a 3 dias nessas condições a partir de 2050, podendo chegar de 3 a 35 dias nas décadas seguintes.

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