Cardeal condenado por corrupção desafia o Vaticano e planeja estar no Conclave

Cardeal condenado por corrupção desafia o Vaticano e planeja estar no Conclave

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Reprodução/Andreas Solaro/AFP

Publicado em 23/04/2025 às 10:21 / Leia em 3 minutos

Mesmo condenado por corrupção em um escândalo que abalou o Vaticano, o cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu afirmou que pretende participar do Conclave que elegerá o novo papa.

A declaração foi dada nesta terça-feira (22), em entrevista ao jornal italiano L’Unione Sarda.

Becciu, de 76 anos, foi condenado em dezembro de 2023 a cinco anos e seis meses de prisão por peculato e abuso de poder, após investigações sobre o desvio de recursos da Santa Sé, incluindo a compra irregular de um imóvel de luxo em Londres, em 2014. Segundo a BBC, parte dos recursos, mais de US$ 200 milhões, deveria ter sido usada em obras de caridade. Na época dos fatos, Becciu atuava como chefe de gabinete do papa Francisco.

Além do episódio londrino, o cardeal também é acusado de ter direcionado verbas para projetos na diocese de sua cidade natal, na Sardenha, beneficiando pessoas próximas e membros da própria família.

Apesar de ter renunciado aos direitos ligados ao cardinalato em 2020 — decisão aceita pelo papa Francisco — e de estar fora da lista oficial de eleitores divulgada pelo Vaticano, Becciu sustenta que ainda pode exercer as funções atribuídas ao cargo. “O papa reconheceu que minhas prerrogativas de cardeal permanecem intactas, já que não houve uma vontade explícita de me excluir do Conclave”, declarou.

Ele alega que a própria participação no Consistório de 2022, a convite do papa, reforça sua tese. Na ocasião, o Vaticano afirmou que a presença não restituía automaticamente os direitos ao cardinalato. Ainda assim, Becciu insiste que a lista de cardeais aptos divulgada pela Santa Sé “não tem valor legal”.

Becciu aparece na relação do Colégio de Cardeais, mas não entre os 135 com direito a voto no Conclave. Ou seja, ele pode participar da preparação da eleição, mas não da votação em si — salvo se houver reinterpretação formal.

Nomeado cardeal por Francisco em 2018, Becciu chegou a ser apontado como um dos nomes fortes para a sucessão papal. Desde que foi afastado, afirma ser vítima de injustiça. “Foi uma dor imensa ver o papa mudar de repente a sua opinião sobre mim de forma tão radical. Uma dor que aceitei como um teste à minha fé”, disse.

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