Para todas as idades: igreja no Rio Vermelho cria coral familiar e só participa quem levar um parente

Para todas as idades: igreja no Rio Vermelho cria coral familiar e só participa quem levar um parente

Redação Alô Alô Bahia

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Carolina - Cerqueira /Correio

Mariana Silva / CORREIO

Publicado em 20/04/2025 às 12:03 / Leia em 5 minutos

Não precisa ser católico e nem mesmo religioso para saber ao menos um trechinho de “Noites Traiçoeira”, cantada por Padre Marcelo Rossi, ou de “Tudo é do Pai”, famosa na voz do Padre Fábio de Melo. O primeiro tem mais de um milhão de ouvintes mensais no Spotify e, o segundo, mais de setecentos mil.

Os dois nomes são referências consolidadas no ramo, mas a lista de cantores católicos que cativam os fiéis é longa e não para de ser atualizada. Sabendo da conexão entre música e fé, a Paróquia de Sant’Ana, no Rio Vermelho, criou um coral familiar. A iniciativa adiciona o terceiro elemento à mistura: a afetividade.

Quem explica o projeto é a coordenadora, Jéssica Tainã Cruz, de 33 anos. Paroquiana desde 2003, em 2007 ela começou a cantar nas missas. Hoje, é aluna do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O coral funcionará como um estágio para ela até o fim do primeiro semestre de 2025.

O objetivo final é uma apresentação do coral para a comunidade no dia 26 de julho, dia da padroeira da paróquia, Nossa Senhora de Sant’Ana. É o Dia dos Avós, em referência e ela, que é a mãe de Maria e avó de Jesus.

O coral familiar vai homenagear esses laços. Para participar, é preciso estar acompanhado de algum parente. Podem fazer parte irmãos, mãe e filho, pai e filho, neto e avô e por aí vai. Podem ser membros da comunidade paroquiana ou não.

“A Ufba tem um projeto de extensão de um coral de pais e filhos e eu tive a ideia de ampliar isso, envolvendo diferentes parentescos no coral. Além de, claro, misturarmos diferentes idades, promovendo um ambiente familiar mesmo”, diz Jéssica.

Ela frequenta as missas da paróquia desde criança com a mãe e o irmão, aos sábados e domingos, sendo referência para os alunos que vai receber a partir do dia 26 de abril, data do primeiro encontro dos integrantes do coral familiar. Jéssica canta em missas e casamentos e já participou, quando tinha 18 anos, de um coral da própria paróquia.

“No passado, na nossa paróquia, o coral era uma das coisas mais belas que tínhamos. Era composto por jovens e, com o tempo, foi de desfazendo aos poucos. Sempre tive vontade de montar um coral com crianças e adolescentes e nunca consegui. É difícil manter uma iniciativa assim, porque você precisa de recursos ou de um voluntário. Estou muito feliz com o projeto de Jéssica”, diz o Padre Ângelo.

Foi no antigo coral da Paróquia de Sant’Ana que Jéssica começou a cantar, tendo a primeira experiência musical antes de iniciar cursos técnicos e, enfim, ingressar no curso superior. Quem sabe quantas outras histórias como a professora terão início no coral familiar?

Canto como oração

É comum que grandes cantores famosos iniciem as atividades de canto em igrejas, sejam católicas ou evangélicas. Essas instituições já revelaram talentos como Anitta, Luan Santana e até Pablo Vittar e Justin Bieber. Mas Padre Ângelo e Jéssica destacam a importância da religiosidade no tripé.

“A música consegue nos conectar com o divino de uma forma especial. A letra e a melodia têm o poder de mexer com a gente. É a arte, a arte tem essa sensibilidade. Quando falamos da música católica, não é diferente”, reflete a professora.

A paroquiana Michelly Lopes, de 42 anos, pensa da mesma forma. Ela é mãe de David José, de 12 anos, e de Maria Teresa, de 6 anos. Os dois irmãos já estão inscritos no coral familiar com o incentivo da mãe, que começou a cantar aos 15 anos, quando participava de um grupo de jovens na igreja.

“É como dizem, quem canta reza duas vezes. A música é uma forma de rezar, uma forma de nos comunicarmos com Deus. Às vezes, naquele momento de dificuldade, não temos as palavras e a música preenche essa lacuna”, defende Michelly.

Ela conta que a música é uma forma lúdica que usa para explicar a religião para David José, Maria Teresa e os outros dois filhos. “Sempre fazemos orações em casa e cantamos porque eles adoram. É muito bom eles terem esse contato com o imaginário retratado nas músicas católicas, estamos formando o imaginário da criança nesse pressuposto da religião”, compartilha.

David José tem paralisia cerebral e Michelly acrescenta a importância da música para o desenvolvimento do filho. “A música ajuda muito ele na questão da linguagem, comunicação, dicção. E Maria Teresa tem muita afinidade também, então, quando soube do coral, tinha certeza de que eles iam querer participar”, finaliza a paroquiana.

Aulas

As aulas do coral começam, excepcionalmente, no dia 26 de abril, um sábado. Mas os encontros semanais acontecerão às quartas, das 18h50 às 20h30, no Salão Paroquial da Paróquia de Sant’Ana, que fica no Rio Vermelho. A participação é gratuita.

Cada encontro funcionará como uma aula de música, com a proposta de trabalhar ritmo, movimento, vocalismo, técnica vocal e repertório. Para o trabalho, Jéssica utiliza um piano para o acompanhamento dos vocais.

Podem participar do projeto crianças a partir dos seis anos. Até os 17 anos, os integrantes devem estar acompanhados de pais ou responsáveis. A partir dos 18, a obrigatoriedade da dupla continua, mas o grau de parentesco é livre. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas através do formulário no link https://bit.ly/3RpuHyR.

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