Pelo oitavo ano consecutivo, a Finlândia lidera o Relatório Mundial da Felicidade da ONU, divulgado em março de 2025. Apesar do reconhecimento internacional, os próprios finlandeses encaram o título com certa reserva, preferindo termos como “contentamento” e “satisfação com a vida” para descrever seu estilo de vida.
O presidente Alexander Stubb resumiu bem o sentimento nacional ao declarar: “Ninguém consegue ser feliz o tempo todo, mas acertar no básico – segurança, liberdade e igualdade – é um bom começo.”
Para os visitantes, esse conceito finlandês de felicidade, baseado em equilíbrio e conexão com a natureza, se traduz em experiências únicas: saunas tradicionais, gastronomia sustentável, passeios por florestas e lagos, e uma forte cultura de bem-estar acessível a todos.
Em Helsinque, é fácil entender por que a Finlândia se mantém no topo do ranking. A cidade costeira é cercada por um arquipélago natural, florestas acessíveis e uma rede de ciclovias que conecta seus parques e praias. A filosofia de vida simples e em harmonia com o meio ambiente é visível em cada detalhe — da prática comum de “banhos de floresta” ao uso diário de saunas e mergulhos em águas frias, mesmo no inverno.
Essa relação íntima com a natureza é reforçada pelo Jokaisenoikeudet, o “Direito de Todos”, uma lei que garante a liberdade de explorar e colher alimentos das florestas e lagos.
O país também avança na cena gastronômica internacional. A região de Saimaa Lakeland foi reconhecida como Região Europeia da Gastronomia 2024, e o restaurante Tapio, em Ruka-Kuusamo, tornou-se o restaurante com estrela Michelin mais ao norte do mundo.
De Helsinque às zonas rurais, restaurantes celebram os ingredientes locais — como cogumelos, frutas silvestres, peixes e carnes de caça — reforçando a conexão entre natureza e bem-estar.
A filosofia do “sisu”
O segredo da felicidade finlandesa também está em sua cultura de sisu — um conceito de resiliência e determinação diante das adversidades. A escritora Katja Pantzar explica que essa mentalidade coletiva ajuda o país a lidar com invernos rigorosos, crises econômicas e desafios sociais sem perder o senso de propósito.
Ela destaca ainda a importância de pequenos prazeres diários, como o acesso gratuito a saunas públicas, transporte eficiente, água potável e bibliotecas — benefícios que fazem parte da vida de qualquer cidadão.
Apesar das dificuldades, como o impacto das longas noites de inverno na saúde mental, a maioria dos finlandeses valoriza o que tem. Como disse o aposentado Juha Roiha: “Com o que temos, somos felizes.”