Exótico, raro e com um nome que remete à sofisticação, o limão caviar está ganhando espaço em cozinhas de alta gastronomia no Brasil. Originário da Austrália, o fruto chama atenção tanto pelo visual inusitado quanto pelo sabor marcante.
E não é à toa: o quilo da fruta pode ultrapassar R$ 800 no mercado nacional.
Com cerca de cinco centímetros de comprimento e aparência semelhante à de um pepino pequeno, o limão caviar surpreende ao ser cortado. No lugar da tradicional polpa cítrica, o interior é formado por pequenas esferas translúcidas que lembram ovas de peixe — característica que lhe rendeu o nome.
Embora ainda seja pouco conhecido do grande público, o ingrediente vem se tornando queridinho de chefs renomados por sua textura, acidez equilibrada e pela experiência sensorial que proporciona.
Cultivo desafiador
Diferente dos limões mais comuns no Brasil, como o siciliano e o taiti, o limão caviar pertence ao gênero botânico Microcitrus e tem uma origem totalmente distinta. Sua produção em solo brasileiro ainda é limitada e cercada de desafios.
Débora Orr, produtora rural em Cerquilho, no interior de São Paulo, começou a cultivar o limão caviar em 2005. Hoje, ela mantém cerca de 300 pés da planta em seu sítio, voltado para a produção orgânica e de alta gastronomia.
“Quando conheci a fruta, percebi imediatamente o potencial que ela tinha para o público que atendo. Mas é uma cultura que exige muito manejo e paciência”, explica.
Cada planta dá frutos apenas uma vez por ano, com uma média inferior a um quilo por safra. Além da baixa produtividade, o custo de cultivo é alto: cada pé recebe cerca de 5 kg de bokashi (adubo orgânico fermentado) mensalmente, irrigação frequente e cuidados específicos com poda e consórcio com outras espécies para manter o solo equilibrado.
O sucesso do limão caviar na alta gastronomia vai além do sabor. As esferas coloridas, que podem variar do branco ao vermelho e do verde ao roxo, são utilizadas principalmente na finalização de pratos — seja com frutos do mar, saladas, sobremesas ou coquetéis sofisticados.
“As esferas estouram na boca, trazendo frescor e uma textura incrível. O nome por si só já agrega valor ao prato”, afirma a chef Telma Shiraishi, referência na culinária japonesa em São Paulo.