“Foi mágico”. É assim que Davi Lucca, de apenas 10 anos, descreve a experiência de surfar a pororoca, fenômeno natural que acontece no encontro das águas do oceano com o rio Capim, no Pará. O feito rendeu ao surfista baiano o reconhecimento oficial do RankBrasil – entidade que registra e homologa recordes nacionais – como o mais jovem atleta a tomar a onda formada pelo encontro das correntes fluviais com a do mar.
A conquista de Davi aconteceu durante o Festival da Pororoca, realizado entre os dias 29 de março e 6 de abril, no município de São Domingos do Capim (PA). Ele, que antes participou do Ritual das águas Auêra-Auára – tradicional cerimônia de conexão com a natureza feita antes do surfe – foi ovacionado por moradores e visitantes que acompanhavam o momento das margens do rio ao subir na prancha e surfar por cerca de três minutos.

Nativo de Praia do Forte, Davi Lucca se tornou o mais jovem a surfar na pororoca.
“Eu não sabia que dava pra sentir tanta coisa ao mesmo tempo. Foi tudo muito doido, eu chorei, gritei, fiquei com frio na barriga, mas estava feliz demais. Quando eu vi a galera gritando e a onda vindo, parecia um filme. Todo mundo torcendo por mim, me abraçando depois… nunca vou esquecer disso. Foi muito mágico”, declarou o jovem baiano.
Davi participou do tradicional ritual das águas Auêra-Auára.
“Foi transformador para ele como ser humano. A comunidade inteira abraçou a gente. De garotinhos a senhoras, todo mundo vibrava com o Davi”, relatou Litinho, 41 anos, que é pai de Davi e surfa há pelo menos três décadas.
Surfe no DNA
Davi Lucca é nativo da Praia do Forte, antiga vila de pescadores que atualmente é um destino turístico consolidado no litoral baiano. Filho de surfista, o jovem sempre teve contato com o esporte. Aos cinco anos de idade, ele começou a competir em eventos de surfe na própria comunidade.

O jovem atleta é filho do surfista Litinho (Foto: @orlandoorodrigues).
“Desde muito cedo ele teve contato com o surfe. Eu percebi que ele tinha um interesse mais forte pelo esporte com quatro anos de idade“, disse seu pai que também é nativo de Praia do Forte e começou a surfar com 11 anos na Praia do Lord – ou Catinguiba, para os locais.

Davi com Litinho, seu pai e principal apoiador e incentivador no surfe (Foto de @orlandoorodrigues).
Apesar da pouca idade, Davi já é um dos principais nomes do surfe mirim no Brasil, com destaque em competições nacionais e regionais por todo o país. Entre suas conquistas estão o título de campeão pernambucano 2025, campeão da primeira etapa do Circuito Catarinense, supercampeão do Tivoli Triple Crown (estadual baiano), além de ter sido vice-campeão latino-americano em etapa disputada no Rio de Janeiro.

Apesar da pouca idade, Davi já é um dos principais nomes do surfe mirim no Brasil (Foto: Reprodução/Instagram).
Torcida e apoio de Ivete
O jovem atleta, que está no 5º ano do colegial, é apoiado pelo Instituto Ivete Sangalo, associação sem fins lucrativos dedicada a causas sociais e que acompanha a evolução de Davi no esporte. A própria artista celebrou publicamente a conquista do baiano:
“Você vai brilhar surfando na pororoca. Estou muito feliz e orgulhosa de você. Um campeão está escrevendo sua história, e eu estou daqui aplaudindo de pé”, declarou Ivete Sangalo.

Ivete Sangalo e Davi na Praia do Forte.
A conexão de Ivete com Davi começou em Praia do Forte, onde a artista tem casa. A cantora fez aulas na escola de surfe criada por Litinho (pai do atleta) na comunidade. “Ela sempre foi nossa parceira. Já tem alguns anos que ela está colada com a gente. Nos conhecemos na praia, ela começou a fazer aula comigo e criamos uma conexão bacana”, disse.

Davi Lucca começou a competir com 5 anos de idade (Foto: @orlandoorodrigues).