Maior balé afro do mundo, Malê Debalê celebra 45 anos de fundação e resistência neste sábado (23)

Maior balé afro do mundo, Malê Debalê celebra 45 anos de fundação e resistência neste sábado (23)

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Kirk Moreno

Divulgação

Publicado em 23/03/2024 às 10:59 / Leia em 4 minutos
É de Itapuã, um dos bairros mais musicados de Salvador, que surgiu o Malê Debalê, entidade do movimento negro que resiste a mais de quatro décadas no cenário musical baiano. O bloco afro completa, neste sábado (23), 45 anos de fundação. A entidade marcou os anos 80 e 90 pela afirmação da luta contra o racismo e pela ocupação de espaços pelo povo negro.
Considerado o maior balé afro o mundo, o Malê se consagrou através de canções, danças e fantasias que levam, especialmente para os circuitos do Carnaval de Salvador, questionamentos e reflexões sobre a história e vida de seu povo. Desde o seu início no ano de 1979, a instituição cultural mantém o compromisso com as reivindicações sociais da comunidade negra do bairro de Itapuã.

Cláudio Souza de Araújo, presidente do Malê Debalê, ressalta que, todos esses anos, o bloco sempre exigiu respeito e visibilidade à produção cultural afro-brasileira do seu território. “Saliento que o Malê Debalê existe na força dos orixás. São 45 anos de intenso trabalho, promovendo arte, formação cultural, formação profissional, autoestima e cidadania. Nesses anos, teve momentos em que eu dizia: não vai dar. Mas, nessas horas, surge um movimento de axé, permitindo que o Malê siga em frente“.

História
O Malê Debalê nasceu de jovens moradores de Itapuã, em consonância com outros que residiam em outros bairros como o Garcia e o Tororó, que traziam a vivência de outras entidades culturais negras como o Melô do Banzo, Apaches do Tororó, Ilê Aiyê, Badauê e Diplomatas de Amaralina.
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O bloco afro leva para a avenida sua mensagem questionamentos e reflexões sobre a história e vida do povo negro (Fotos: @vitumourthe_)

O nome “Malê” é em homenagem aos negros muçulmanos que, em 1835, realizaram um importante feito na história do Brasil, intitulado de Revolta dos Malês. Já o nome “Debalê”, criado pelos fundadores do bloco e traduz, de acordo com o fundador Josélio de Araújo, uma conotação de “positividade”, felicidade, ou qualquer tradução de caráter afirmativo.

Além da promoção de eventos – como o Festival de Música Malê e o Concurso Negro e Negra do Malê -, o bloco também integra as crianças com o Concurso Negro e Negra do Malezinho. Todos eles na própria sede, que fica no Parque Metropolitano do Abaeté. Já os ensaios do Malê têm algumas edições no Pelourinho durante o Verão. Além disso, eles participam da tradicional Lavagem de Itapuã que acontece na quinta-feira antes do Carnaval.
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Concurso Rei e Rainha Malêzinho (Fotos: @ediltonlopes_ / @studiomovelmailisantos)

Celebração dos 45 anos

O aniversário de 45 anos do Malê Debalê será celebrado com o Troféu Abraço Negro. A iniciativa irá homenagear autoridades e personalidades atuantes no progresso da sociedade, especialmente aos que fizeram contribuições favoráveis à população negra da Bahia.
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Desfile do Malê no Carnaval de Salvador (Fotos: @vitumourthe_)

​O evento Troféu Abraço Negro será na sede do Malê Debalê, neste sábado (23), às 18h, com entrada gratuita. Os homenageados são: Ângela Guimarães, secretária da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI); Adriana Oliveira, jornalista da Rede Bahia; Albert Nogueira de Sousa, major do 15° CIPM de Itapuã; André Biriba, mestre de Capoeira de Itapuã; Beto Pena – cantor e músico do Malê Debalê; Cara de Cobra, produtor musical e percussionista; Gilsoney de Oliveira, presidente do Afoxé Filhos de Gandhy; Ivete Sacramento, secretária da Secretaria Municipal da Reparação (SEMUR) e reitora da UNEB; Jairo da Mata, secretário do Conselho do Carnaval (COMCAR); Lasinho do Banjo, sambista; Maria das Graças Cerqueira (Gracinha), empreendedora de Itapuã; Reginaldo Souza, músico e diretor do Espaço Cultural Rumo do Vento; Rogério Bambeia, sambista; Sra. Edite – moradora de Itapuã e colaboradora do Malê Debalê; e Sérgio Carlos Santos (Serjão), coordenador de ala de dança do Malê Debalê.

“É dessa forma, nos simbolismos de uma grande roda de ciranda, gira de terreiro, capoeira e samba que vamos ocupando os espaços públicos e privados. Quando mostramos a beleza do nosso Balé Afro e potência da Banda Malê pelo Brasil, estamos apoiados pelo trabalho e comprometimento das pessoas que enaltecem a ancestralidade afro-brasileira”, disse Cláudio Souza de Araújo.
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