Anderson Talisca já fez seu nome nos gramados internacionais, mas agora, é com outro nome que ele quer ser reconhecido: Spark. O jogador baiano, natural de Feira de Santana, está cada vez mais imerso na música, explorando o trap e consolidando seu espaço na cena musical. No dia 19 de março, ele lançou seu mais novo single, “Neurose”, uma faixa intensa e cheia de atitude.
A música nunca foi um passatempo para Spark. Antes mesmo do futebol entrar em sua vida, os instrumentos e os ritmos já o acompanhavam. Criado em uma escola onde a bolsa de estudos dependia da participação em atividades musicais, ele aprendeu a tocar diversos instrumentos e chegou a integrar uma banda de axé. Mas a realidade o fez seguir pelo esporte, caminho que o levou a clubes renomados e a uma carreira de sucesso.
Ainda assim, a paixão pela música nunca saiu de cena. “Aos poucos, acho que sim. Eu sigo jogando, mas tenho conseguido retribuir minha paixão pela música. ‘Neurose’ é um exemplo disso e tem mais vindo aí”, disse ele, em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia.
O nome artístico veio de um filme que ele assistiu com o irmão, mas a personalidade de Spark vai muito além disso. “Spark é um cara com personalidade muito forte, muito autêntico. Está sempre focado nos momentos de decisões. É um cara que decide muito, então eu trago muito isso nas minhas músicas também”, explica o rapper.
A cidade onde cresceu também moldou sua identidade artística. Feira de Santana já revelou talentos como Duquesa, Rachel Reis e Luiz Caldas, e Spark carrega consigo a vivência desse cenário. “A cultura de Feira de Santana já é muito rica, mas a maior influência mesmo foi na escola, onde eu aprendi a tocar instrumentos. Para ganhar a bolsa, tive que aprender a tocar, e isso já foi algo que me trouxe à música de fato”, relembra.
A sonoridade e a construção de “Neurose”
“Neurose” não é apenas uma música; é um reflexo da energia das ruas e das experiências vividas por Spark. A faixa traz uma sonoridade marcada pelo trap e aborda temas como ambição, prazeres momentâneos e a busca por status, sem deixar de lado as consequências desse estilo de vida. “Essa música tem uma vibe muito de rua, sabe? Ela carrega essa energia autêntica”, explica Spark.
O processo criativo do seu próximo álbum também reflete essa busca por autenticidade. “O processo de construir a sonoridade do álbum foi muito tranquilo, junto com meu produtor, Rafa Jah. Esse álbum vai sair agora, mas ele começou a ser produzido há dois anos. Já fizemos várias misturas, paramos, discutimos várias faixas e várias coisas, mas chegamos a um nível muito bacana. Cada música tem uma estética diferente, com batidas diferentes, e acho que isso é o mais interessante”, adianta o artista.
Conciliar duas carreiras tão intensas não é fácil, mas Spark encontra no futebol uma base de disciplina que o ajuda na música. “Por ser atleta, preciso estar sempre bem fisicamente. Aquela coisa da mente sã e corpo são. E isso me ajuda também a equilibrar a rotina musical. Esse meu lado futebolístico ajuda muito, porque futebol requer disciplina e a música também”, pontua.

Foto: Reprodução/Instagram
Embora tenha iniciado sua história musical no axé, hoje Spark se dedica ao trap e ao hip hop. Explorar outros gêneros não está nos seus planos. “Meu foco por enquanto é no trap. Acho difícil. Ainda não penso em explorar outros ritmos”, afirma.
O rap sempre esteve presente em sua jornada. Desde os tempos de alojamento no Bahia, onde seus colegas ouviam Racionais MC’s, até hoje, com nomes como BLXST, Matuê e L7NNON entre suas referências, Spark reconhece o impacto do gênero em sua formação.
“Escutava muito rap com meus amigos mais velhos… Quando cheguei no Bahia em 2009, passei 7 anos morando na divisão de base, então convivi com jogadores mais velhos que escutavam Racionais e outros tipos de rap. Essa convivência e as letras de superação, de tomar decisões e letras de relacionamentos amorosos, fizeram com que eu aprendesse muita coisa sobre a vida também”, relembra.
Já tendo colaborado com artistas como L7NNON e Kiaz, Spark tem novos nomes na sua lista de desejos. “Colaborar com esses dois já é um passo muito grande, mas tem muitos artistas ainda que eu quero colaborar, como o Matuê e o Wiu. São artistas que desejo colaborar no futuro”, revela.

Foto: REZZENDE
Com “Neurose” no mundo e um álbum pronto para ser lançado, Spark está mais determinado do que nunca a fazer seu nome na música. “A música tem uma coisa que é bem semelhante ao futebol. Quando você trabalha bem, faz as coisas corretas e passa uma boa mensagem, as coisas acontecem de uma maneira natural. A base de fãs está sendo construída para lá no futuro fazermos grandes projetos”, afirma.
Seja no futebol ou na música, Spark tem algo em comum nos dois mundos: a certeza de que, quando se tem talento e disciplina, é possível brilhar onde quiser.