A requalificação da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho, em Salvador, deve custar mais de R$ 10 milhões e levar cerca de cinco anos para ser concluída, de acordo com estimativa do artista plástico, professor e reparador José Dilson Argolo. Considerada um verdadeiro patrimônio de Salvador e da Bahia, a “Igreja de Ouro” se tornou um dos assuntos mais comentados dos últimos dias após parte do seu teto central desabar, deixando uma vítima fatal e cinco pessoas feridas. A estrutura era feita de madeira, entalhada e folheada a ouro.
“Provavelmente, não é só o que caiu que vai precisar ser reparado. O restante de toda estrutura deve estar também comprometido, assim como toda a talha dourada e os altares, que há anos estão precisando de uma restauração profunda (…) Será necessário uma equipe interdisciplinar, com engenheiros, arquitetos e restauradores com muita experiência para tentar recompor com toda a originalidade”, afirma José Dirson.
A estimativa de tempo do reparo dada pelo especialista leva em conta a restauração que fez, por 11 anos, na Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, que fica localizada no bairro de Nazaré. A obra, que custou aproximadamente R$ 10 milhões naquela época, incluiu restauração de todo o telhado e a instalação de um sobreforro. “Tinha iminência de desabamento do forro, porque havia problema com cupim. A estrutura foi toda desmontada”, lembra o restaurador.
“Provavelmente, ali tem problema no forro porque, através do teto, deixou-se passar umidade e pingueira. Isso enfraquece a estrutura de madeira e daí vêm os cupins. Por isso, é preciso fazer uma vistoria. No momento que for remontar (o forro), não pode ser apenas o pedaço que caiu. Provavelmente, será necessário desmontar o restante e fazer uma nova montagem. Isso vai exigir uma grande equipe. Não vai ficar barato”, finaliza.