‘Afinal que o dia dela chegou!’: como montar um balaio ecológico e preservar a tradição de saudar Iemanjá sem agredir a natureza

‘Afinal que o dia dela chegou!’: como montar um balaio ecológico e preservar a tradição de saudar Iemanjá sem agredir a natureza

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Maria Marques

Reprodução/Marina Silva/CORREIO

Publicado em 31/01/2025 às 18:05 / Leia em 3 minutos

A voz solene de Dorival Caymmi há de anunciar eternamente: dia 2 de fevereiro é dia de festa no mar. E cabe aos devotos – assim como o senhor do mar – fazer com que a secular saudação a Iemanjá seja cada vez mais sustentável.  A tradição do rito de oferecer presentes à orixá precisa, sim, se renovar, desde que cresça acompanhada da conscientização de se adotar um comportamento mais ecológico.

Até mesmo o cesto da oferenda para Iemanjá deve ser de origem natural, como a palha. Mas, é melhor que não o jogue no mar; apenas as flores, sem o caule| Foto: Valter Pontes/PMS

Nas praias do litoral de Salvador, a qualquer época do ano, não é incomum avistar rastros de banhistas que não recolhem o resíduo produzido por eles mesmos. Este é um comportamento que deve servir de mau exemplo – não só – na festa da Rainha de todas as águas. Deixar a praia limpa para receber baianos e turistas de todo o planeta é um esforço que a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema) empreende anualmente com o mutirão de limpeza na praia do Rio Vermelho, às vésperas da Festa de Iemanjá. 

Na manhã desta sexta-feira (31), voluntários, servidores e mergulhadores da Sema, do Inema, da Setur e da Colônia dos pescadores uniram forças para recolher resíduos deixados para trás por contraventores.

Aproximadamente 180kg de resíduos foram retirados, por 80 pessoas, da faixa de areia e do mar. Parte deles, 36kg, eram garrafinhas pet (plástico) e latinhas de alumínio – destinadas à reciclagem.

Das 7h da manhã ao meio-dia, foram retirados detritos do mar e da faixa de areia da praia do Rio Vermelho | Foto: Divulgação/Matheus Lemos/Sema/Inema

A diretora de Política e Planejamento Ambiental da Sema, Luana Pimentel, avisa aos navegantes que resíduos inadequados, como plásticos, vidros e materiais sintéticos têm potencial de causar problemas ambientas e à própria saúde do indivíduo.

“Esses materiais podem ser ingeridos por animais marinhos, afetando toda a cadeia alimentar e chegando até os seres humanos, por meio do consumo de frutos do mar contaminados”, alerta a especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em entrevista ao Alô Alô Bahia.

“O acúmulo de resíduos nas praias favorece a proliferação de vetores de doenças e compromete a qualidade da água tanto para o lazer quanto para a pesca”, acrescenta a gestora.

Da natureza para a Natureza

Luana, que é bióloga, sugere que a melhor maneira de homenagear Iemanjá é escolher oferendas naturais. “Flores, frutas e elementos orgânicos são bem-vindos, já que se decompõem sem causar danos ao meio ambiente”, exemplifica.

Materiais como espelhos, perfumes industrializados, objetos metálicos e plásticos (como bijuterias e pentes) não devem constar nos balaios, segundo explica ela. Por exemplo, uma alternativa para os espelhos nos quais Iemanjá se mira seriam representações simbólicas em desenhos ou mensagens escritas, que podem fazer parte da oferenda sem gerar poluição.

Dorival Caymmi faria coro. O buda nagô dá a receita no samba Dois de Fevereiro, de 1957: “Escrevi um bilhete a ela pedindo pra ela me ajudar / Ela então me respondeu que eu tivesse paciência de esperar / O presente que eu mandei pra ela, de cravos e rosas, vingou”. Odò Ìyá!

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