Cesta básica de Salvador tem maior percentual de reajuste entre capitais

Cesta básica de Salvador tem maior percentual de reajuste entre capitais

Redação Alô Alô Bahia

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Millena Marques, do Jornal Correio*. Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

Divulgação

Publicado em 23/04/2024 às 10:24 / Leia em 4 minutos

Com um aumento de 10,58%, a cesta de básica de Salvador teve o maior percentual de reajuste entre as capitais no primeiro trimestre deste ano. Em março, o custo do item foi de R$ 620,13, de acordo com o último levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Para desembolsar esse valor, um trabalhador soteropolitano, remunerado pelo salário de mínimo de R$ 1.412,00 precisou trabalhar 96 horas e 37 minutos.

Vários fatores acabam influenciado nos preços dos itens e no custo total da cesta básica, desde questões relacionadas à safra ou uma maior movimentação do mercado, segundo a supervisora regional do Dieese Ana Georgina Dias.

“A questão climática também foi preponderante, inclusive agora no mês de março, com altas acentuadas no tomate e na banana. O tomate teve uma alta de 13,96, a banana de 8,02”, afirma.

Uma safra boa aumenta a oferta e, consequentemente, os preços são menores. “Se você tem uma safra pior e uma oferta mais reduzida para uma demanda que aumenta ou permanece a mesma, os preços ficam mais elevados”, continua Ana Georgina.

Os vilões: banana e tomate

A banana e o tomate foram os produtos que puxaram o aumento de custo da cesta no primeiro trimestre, com alta de 49,91% e 22,22%, respectivamente. Os preços foram elevados em razão do clima.

“Esses dois produtos são cultivados num período curto. Então, eles acabam captando essas variações bruscas de clima. Esse verão foi mais quente do que o normal e teve mais chuvas em algumas regiões produtoras”, afirma Ana Georgina.

No caso da banana da prata, especificamente, ainda um problema com a doença conhecida como Mal do Panamá, que ataca de forma severa a lavoura, imprimindo perdas excessivas. Em algumas situações, toda a plantação é perdida. “Essa doença tem atingido bananais de todo o país, o que também tem reduzido a oferta de fruta e, por consequência, eleva os preços”, diz o diretor de Fruticultura da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Márcio Oliveira.

Janete Sarquis, 56 anos, trabalha vendendo refeições, salgados e sobremesas em uma barraca de lanches na Universidade Federal da Bahia (Ufba), no campus Ondina. A alternativa que encontrou para economizar foi reduzindo o número de itens do cardápio. “Antes, eu fazia lasanha três vezes por semana, agora, é só uma vez na semana. Também substitui os salgados que levam molho por salgados que não levam”, conta.

Mesmo adotando a estratégia de comprar os produtos em locais mais acessíveis, depois de realizar uma breve pesquisa, Janete teve que repassar o aumento para os clientes. “Alguns salgados de R$ 5 e R$ 6 passei para R$ 7, R$ 8 ou R$ 9. Salada de frutas era R$ 5, eu tive que botar para R$ 7 porque as frutas também estão muito caras”, diz.

Boa notícia

A boa notícia é que, em abril, o preço da banana já teve uma considerável redução, especialmente o da banana nanica, que está 75% menor do que em fevereiro. “As lavouras estão se reestabelecendo e, por consequência, os preços já começaram a baixar”, diz Oliveira.

Embora a cesta básica de Salvador tenha registrado o maior reajuste entre as 17 capitais onde o Dieese realiza o estudo, o levantamento apontou que o custo soteropolitano ainda é o quinto menor. “Mas é bom a gente lembrar que esse custo costumava ser o segundo menor, o terceiro menor, então ele já está aí mudando um pouco de posição”, explica Georgina.

Vale ressaltar que a composição das cestas do Nordeste é diferente, o que explica esse valor da cesta soteropolitana: batatas não estão inseridas e a farinha de mandioca é o equivalente à farinha de trigo, por exemplo. “As cestas com menor valor não significam, necessariamente, que são mais baratas. Nós sabemos que temos muitas pessoas que ganham menos do que o salário-mínimo”, finaliza Georgina.

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