Internada para realizar o segundo ciclo de quimioterapia contra um câncer, a cantora Preta Gil se manifestou neste sábado (7) sobre as denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida. Ele foi demitido nessa sexta-feira (6) após as denúncias virem à tona. Entre as vítimas, estaria a colega de governo, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Preta manifestou solidariedade às vítimas e ressaltou a coragem de elas terem feito as denúncias. “Nesse momento, estou extremamente em choque e abalada. Anielle Franco e todas as vítimas foram muito corajosas ao fazerem as denúncias“, escreveu, em mensagem publicada no Instagram.
A cantora falou ainda o quanto o caso representa um retrocesso para o país. “Tudo isso é um retrocesso absurdo para nós, mulheres, que tanto lutamos para chegar em espaços que nos são de direito, para termos nossas vozes escutadas e nossas necessidades atendidas”, continuou.
Preta cobrou que a justiça seja feita para as vítimas. “Eu, enquanto mulher negra, mãe, avó e cidadã, espero que a justiça seja feita e que possamos nos unir para que tal fato não enfraqueça nossa luta e nossas vitórias”, finalizou.
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Entenda o caso
A existência das denúncias foi divulgada na quinta-feira (5) pelo portal “Metrópoles” e confirmada em nota pública pela ONG Me Too, que combate a violência sexual. Segundo o portal, os episódios teriam ocorrido no ano passado e uma das vítimas foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentam dificuldades em obter apoio institucional para validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, explicou a Me Too, em nota.
Em uma publicação nas redes sociais, Silvio Almeida negou as acusações. “Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.”
Horas após as denúncias virem a público, o ministro foi chamado a prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, conforme informou, em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).
Na noite de sexta-feira (6), a demissão do ministro foi comunicada pelo governo federal. Leia a nota na íntegra:
“Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira (6), o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da Pasta de Direitos Humanos e Cidadania.
O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual.
A Polícia Federal abriu de ofício um protocolo inicial de investigação sobre o caso. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República também abriu procedimento preliminar para esclarecer os fatos.
O Governo Federal reitera seu compromisso com os Direitos Humanos e reafirma que nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada”.
Após a demissão, a ministra Anielle se manifestou sobre o caso. “Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi. Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência. Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada”, diz um trecho da nota divulgada.