Presidente do Bahia revela ter se escondido em noivado hétero para não assumir ser gay

Presidente do Bahia revela ter se escondido em noivado hétero para não assumir ser gay

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Por Jornal Correio*

Reprodução/Redes Sociais

Publicado em 16/08/2024 às 12:39 / Leia em 3 minutos

Aposentado dos campos desde os 35 anos, Emerson Ferreti entendeu que precisava assumir sua orientação sexual para conseguir seguir a vida tranquila. E assim aconteceu. Atualmente presidente do Esporte Clube Bahia, primeiro dirigente assumidamente gay de um clube brasileiro, Ferreti enfrentou muitos preconceitos ao longo da carreira.

Emerson diz que sempre trabalhou em um ambiente majoritariamente preconceituoso e nada acolhedor. O dirigente conta que chegou a ser noivo em um relacionamento hétero e precisou preservar a vida pessoal para continuar trabalhando como goleiro.

“O processo todo foi muito solitário, desde a adolescência, quando comecei a perceber e entender a minha sexualidade, sem poder falar com ninguém. Nem com a família, nem com os amigos, e muito menos dentro do futebol. Foi realmente muito solitário”, disse em conversa ao jornalista Bob Fernandes, no canal “TVE Bahia”, no YouTube.

Emerson esteve na Fonte Nova com o namorado, Jordan Dafner, no último domingo (11) | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Namorando o jornalista e bailarino Jordan Dafner, o presidente do Bahia apareceu, no último domingo (11), ao lado do namorado dentro da Arena Fonte Nova durante o clássico contra o Vitória pelo Campeonato Brasileiro. Assumir ser gay e comandar um time de futebol em uma época em que é mais “fácil”, ajudou o próprio ex-jogador a se libertar.

“Essa tomada de decisão aconteceu justamente para jogar luz sobre um assunto que não é conversado no meio do futebol. Mas existem muitos gays, não fui o único e todos eles precisam se esconder, e quando acontece isso com qualquer pessoa, de criar um personagem para sobreviver, é muito dolorido, é sofrido. Então, falar sobre isso e virar uma referência, acredito que ajudará muitos que estão no futebol ou até mesmo garotos gays que pretendem ser jogadores a se aproximar e enfrentar isso (…) O caráter, o talento, não se mede pela sexualidade, o fato de ser gay não me impediu em momento nenhum de ser um goleiro que entregasse desempenho nos clubes que joguei”, disse.

Ainda na conversa, Fernandes recordou que encontrou Ferreti e, durante a conversa, o ex-jogador alegou que estava noivo de uma mulher para evitar perguntas referentes à orientação sexual e vida pessoal. Naquela época, ele ainda estava jogando, mas agora, aos 50 anos, entende que se preservar foi a melhor escolha.

“Era um discurso que às vezes era necessário porque existia uma cobrança social muito grande em relação a namoro, casamento, a uma presença feminina do lado. Infelizmente, tínhamos que usar esse discurso, era uma das formas que tínhamos para nos protegermos. Muitos atletas gays acabam, inclusive, casando para afastar qualquer suspeita sobre a sexualidade deles. Isso é muito triste, ter que representar o tempo todo”, lamentou.

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