27 Nov 2023
Corpo do artista plástico Jayme Figura é enterrado em Salvador
Clique aqui e participe do canal do Alô Alô Bahia no WhatsApp
A despedida foi marcada pela comoção de familiares e admiradores do artista, que ficou conhecido pelas armaduras e máscaras de metal que usava enquanto circulava pelas ruas do Centro Histórico da capital baiana.
Segundo a família, o artista morreu de infarto e o caixão permaneceu fechado a pedido dele. "Ele queria ser conhecido como o artista Jayme Figura", justificou o filho mais novo do artista, Pablo Almeida. O capacete que estava em cima do caixão ficou com ele. "Foi a última obra do meu pai e permanecerá com a família de lembrança", disse.
O rosto lendário foi visto apenas pelos familiares e amigos mais próximos, durante os breves momentos em que a janelinha do caixão foi aberta por eles. Estiveram presentes a esposa, irmã, os dois filhos, sobrinhos e primos. Apenas o filho mais velho de Jayme, Diogenes Santos Almeida, 43 anos, aceitou falar com a imprensa.
Segundo Diógenes, Jayme era um homem que não gostava de ficar parado e um pai exemplar. "Meu pai era um homem incrível, uma pessoal incrível, tanto profissionalmente como pai. Era um cara presente na nossa vida, um bom trabalhador. Um super pai para mim, não tenho o que falar ao contrário", descreveu Diógenes.
O artista plástico Leonel Mattos também falou sobre a relevância de Jayme na vida dele e como artista baiano. Os dois eram amigos há 30 anos e trabalhavam juntos. Também estavam há oito meses pintando 50 quadros para uma exposição encomendada por uma galeria de São Paulo, prevista para ser aberta em 2024.
"Sempre admirei o trabalho dele. É um ícone da Bahia, não simplesmente uma imagem folclórica. Ele entendia que não precisava aparecer. É uma perda muito grande. Eu espero que o governo não deixe passar e faça a fundação dele", disse Leonel.
O secretário de Cultura do estado, Bruno Monteiro, passou rapidamente pelo velório, cumprimentou os familiares de Jayme, disse que a preservação das obras do artista é um desejo da Secretaria e se pôs à disposição da família para catalogá-las.
Além dos amigos, familiares e autoridade pública, admiradores também foram se despedir de Jayme. Antes da saída do caixão, os presentes oraram e entoaram um coro de "Viva Jayme". O mesmo foi repetido após o enterro.
Morte repentina
O artista morreu no domingo (26), aos 64 anos, após sofrer um infarto. Segundo o artista plástico Leonel Mattos, Jayme teria passado mal há três dias. Ele foi atendido em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e liberado. No domingo (26), ele teria voltado a passar mal, mas desta vez não resistiu.
"Botamos ele no carro de meu irmão e levamos para o hospital, quando chegamos lá, ele já estava desfalecendo, bem fraco, bem debilitado. Entramos correndo com ele e ficamos lá, quando foi depois, o médico chamou a gente", relatou Diógenes, filho do artista plástico, ao portal g1. "Um homem incrível profissionalmente e como pai", complementou.
Jayme trabalhava com o artista plástico Leonel Mattos. Leonel contou ao Alô Alô Bahia que a parceria foi iniciada há alguns meses para uma exposição em São Paulo, em 2024. No ateliê de Leonel, Jayme criou obras inéditas.
"A gente estava cheio de projetos. Ele estava trabalhando comigo no ateliê há oito meses, fazendo pinturas inéditas para uma galeria em São Paulo, para uma exposição dele bem bacana e depois, talvez, fosse para Nova York", comentou Leonel Mattos.
Após ficar alguns dias sem conseguir falar com Jayme, Leonel conseguiu contato com a esposa do artista, que informou que ele havia passado mal e socorrido para uma UPA.
Nascido na cidade de Cruz das Almas, Jayme veio para Salvador aos cinco anos com a família. Desde criança, ele criava brinquedos com latas e madeira. Jayme dizia ser autodidata e ter sido "salvo" pelo desenho. "Foi o desenho que me salvou, foi o desenho que me deu vida”, disse em entrevista ao g1, em 2013.
As obras instaladas no ateliê de JaymeFygura, chamado de “Sarcófago”, ficavam dentro de uma casa localizada na Ladeira do Carmo, no Pelourinho, Centro Histórico da capital baiana.
O imóvel tem um formato labiríntico, um espaço de imersão criado pelo artista onde ficam esculturas de ferro, gesso, cimento, madeira, além de pinturas em acrílica sobre telas, panos decorativos, e artes em computação gráfica.
* Publicado por N.R. Com informações do g1 e do Jornal Correio*. Fotos: Paula Fróes / CORREIO, Reprodução/Redes sociais, Andrea Faria/Arquivo Correio* e Leonel Matos/Acervo pessoal.
Leia mais notícias na aba Notas. Acompanhe o Alô Alô Bahia no TikTok. Siga o Alô Alô Bahia no Google News e receba alertas de seus assuntos favoritos. Siga o Insta @sitealoalobahia, o Twitter @AloAlo_Bahia e o Threads @sitealoalobahia.
