Hospital Municipal de Salvador adota modelo especial de prontuário para humanizar atendimento aos pacientes

Hospital Municipal de Salvador adota modelo especial de prontuário para humanizar atendimento aos pacientes

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Luana Veiga

Reprodução

Publicado em 02/09/2024 às 15:45 / Leia em 4 minutos

Com o objetivo de oferecer um atendimento mais humanizado aos pacientes, o Hospital Municipal de Salvador, localizado em Boca da Mata, passou a adotar o chamado “Prontuário Afetivo”.  O documento inclui perguntas como “Qual a sua música predileta?”, “O que gosta de fazer?”, “Tem um sonho?”, “Como quer ser chamado?”, entre outras, e o seu preenchimento pode ser realizado por qualquer profissional que esteja atuando junto ao paciente, colhendo as informações diretamente com ele, quando possível, ou através de contato com a família ou acompanhante. 

Internado na Unidade de Terapia Intensiva com complicações do diabetes, Rogério dos Santos, ou Júnior, como prefere ser chamado, já está com alta prevista para os próximos dias. Seu “prontuário afetivo” traz detalhes sobre os hobbies que incluem pescaria, leitura e escrita. “Fui tratado com muito carinho. Com certeza, esse tratamento ajuda na melhora do paciente. As enfermeiras conversando comigo sobre livros, pareciam amigas de longa data. Achei maravilhoso!”, afirmou.

Algumas das informações do documento foram preenchidas com ajuda da esposa, Eliene Bonfim. “Me perguntaram o que ele gosta de fazer, logo lembrei da pesca e da escrita. Todo mundo que vinha falar do quadro de saúde dele, puxava um assunto e ele logo interagia. Adorei o tratamento. A gente está acostumado com aquele monte de perguntas sobre sintomas, sobre doença. Agora, além disso, nos perguntam sobre como nos sentimos, o que gostamos. Coisa de primeiro mundo”, comentou.

Anamnese emocional – A anamnese é o pontapé inicial para confecção do prontuário convencional do paciente. O documento inclui informações sobre o histórico de saúde e o que o levou a buscar atendimento. Já o prontuário afetivo colhe informações sobre as emoções, preferências e gostos pessoais, fazendo uma análise subjetiva com foco em cuidados na saúde emocional. Escrito à mão e com ilustrações, o documento fica afixado na parede ao lado do documento convencional.

Atualmente implantado na UTI e unidades de atendimento adulto, o prontuário será estendido à pediatria do HMS. A psicóloga do HMS, Ludimilla Souza, explica que a intenção é tornar a estadia do paciente no hospital o mais confortável possível. “A ideia é que nesse momento com a aproximação da equipe a gente possa trazer toda a condição de humanização, tornando o atendimento melhor, mais qualificado e, principalmente, antecipando a alta”, ressalta.

Ela diz que a prática começou a ser implantada no HMS no começo da pandemia de Covid-19. “Começamos naquela época e temos aprimorado mais e mais. Entendemos que acolher esses pacientes é fazer com que eles resgatem a sua subjetividade. Comumente a hospitalização e o adoecimento nos convoca a tristeza, a despersonalização. O paciente não é leito X ou Y. Não é o paciente com essa ou aquela doença. O prontuário busca esse resgate, trazendo nome carinhoso, apelido, gostos, preferências e a história. São essas doses de amor e afeto que fazem muita diferença”, explica.

Atendimento humanizado – O atendimento humanizado sempre foi uma das diretrizes da unidade desde a sua inauguração, há seis anos. O diretor geral do HMS, Gustavo Mettig, explica que o prontuário afetivo é mais uma dessas ações adotadas no dia a dia da instituição. “São perguntas simples, mas que fazem toda a diferença na abordagem. Em posse das respostas, nossa equipe consegue se aproximar dos pacientes, possibilitando um atendimento mais humano e, consequentemente, fazendo com que a estadia no hospital seja breve e menos sofrida possível”, pontuou.

Além do prontuário afetivo, o HMS também adota uma outra prática que recebeu o nome de “Os Três Desejos”. Nessa conduta, os profissionais de saúde perguntam aos pacientes sobre vontades, como por exemplo ver o pôr do sol ou ter contato com o pet que ficou em casa durante a internação, e tentam possibilitar a realização do desejo. “Quanto mais humano, mais próximo o atendimento, mais o paciente melhora e temos que chamamos de alta precoce, que é uma alta mais breve”, pontua o diretor.

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