23 Fev 2020

Ilê Aiyê atrai multidão na tradicional saída do Curuzu

Como faz há 46 anos, o Ilê Aiyê realiza a saída do bloco afro pelas ruas do Curuzu e Liberdade até chegar ao Campo Grande. Antes do desfile acontecer e arrastar milhares de pessoas, acontece um ritual realizado no terreiro Ilê Axé Jitolu. Esse ano, o momento, que também marca a apresentação da Deusa do Ébano, foi acompanhado, nesse sábado (22), por gente de todos os cantos, encantos e axés, como a jornalista Joyce Pascowitch, a atriz Cris Vianna – vestida com o traje tradicional do Ilê Aiyê –, e os secretários de Turismo e Cultura do estado da Bahia, Fausto Franco e Arany Santana e a deputada estadual Olívia Santana.

O Ilê Aiyê escolheu como tema “Botswana: Uma história de êxito no mundo”, para “tirar a impressão negativa que as pessoas têm da África, de que é um lugar só de guerreiros e animais selvagens. “A gente só conhece a África do Tarzan. Por isso, começamos a mostrar a verdadeira África, continente onde está Botswana, um país sem corrupção e analfabetismo”, explicou o presidente do bloco, Vovô do Ilê.

MULHERES EM DESTAQUE

Hoje, o Ilê Aiyê conta com quase 70% de mulheres entre seus associados. A presença feminina sempre foi muito importante para o mais antigo bloco afro. Sua história se confunde com a de Mãe Hilda Jitolú. “Ela participava de tudo. A gente não fazia nada sem conversar com ela”, contou o presidente do Ilê sobre a ialorixá, falecida em 2010.

Outro nome feminino fundamental para o Ilê é o de Dete Lima. Filha de Mãe Hilda e fundadora do bloco, cabe a ela vestir a Deusa do Ébano para seu primeiro desfile. “Para mim é muito emocionante ver, a cada carnaval, a Deusa do Ébano elevando a autoestima de todas as mulheres negras e a minha também. Todos os anos, eu me sinto uma Deusa do Ébano junto com elas”.

A rainha desse ano é a modelo Gleicy Ellen Teixeira, de 22 anos, que mantém o discurso de autoafirmação: “Quero mostrar às crianças que somos lindas, somos deusas”, afirma.

Para a deputada OIívia Santana, o papel da Deusa do Ébano é fundamental, principalmente por ser no Carnaval. “A gente percebe com muito orgulho que o Ilê Aiyê já vinha trazendo essa mensagem de valorização da mulher negra. Enquanto músicas de baixaria desqualificam a condição da mulher, no Ilê a gente enaltece a pérola negra, a mulher negra sendo vista de maneira respeitosa, admirável”, comentou.

Fotos: Alô Alô Bahia. Siga o insta @sitealoalobahia.