23 Jun 2019
Líder religioso baiano será enredo da Grande Rio no Carnaval 2020
Homossexual assumido, o negro de personalidade forte fez sua despedida de Salvador em alto estilo, em 1948, quando apresentou ao público pagante no Teatro Jandaia um espetáculo com danças típicas do Candomblé – um escândalo para a época.
Já no Rio de Janeiro, instalado na Rua da Goméia – endereço incorporado ao nome -, recebia em seu terreiro políticos, embaixadores, artistas, aguçando a curiosidade da imprensa, que noticiava cada vez mais as excentricidades do pai de santo. Getúlio Vargas e Ângela Maria, a Rainha do Rádio, eram frequentemente vistos por lá. Sua figura foi, inclusive, inspiração para o humorista Chico Anysio criar o personagem “Painho”, um marco na carreira de Chico.
Sua morte, em 1971, não poderia ser mais apoteótica, com episódio narrado pela revista O Cruzeiro. Foi sepultado no cemitério de Duque de Caxias, quando uma chuva de proporções míticas desabou sobre o Rio de Janeiro exatamente na hora que o caixão baixava à sepultura e com muitos presentes incorporando santos. O cenário foi descrito como uma manifestação de Iansã recebendo seu filho.
Agora, a Grande Rio se prepara para juntar surdos e tamborins a atabaques e agogôs para homenagear o Rei do Candomblé, uma das figuras mais emblemáticas do bairro de Caxias. O samba enredo será distribuído pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad na próxima quarta-feira, às 20h, na sede da agremiação.
Foto: Fundação Pierre Verger. Siga o insta @sitealoalobahia.