Digressões semanais

Ano após ano caem os últimos redutos do bem viver. Avalanches corporativas invadem os espaços das festas privadas e tudo vira lobby party. Nada contra, mas... Uma pausa reflexiva: Alô? Pronto! Aqui quem fala é a famosa “Fulana”. ( Famosa quem?!). “Soube que vai ter um evento bem divertido, boca-livre, e gostaria de ir. Quem sabe não saio na coluna hype de sicrana”. Um amigo educado e finíssimo e local, costuma ter dores na mandíbula de tanto ficar boquiaberto.

Com isso, lembrei que quando eu era menino, os mais velhos tinham seus próprios juízos sobre as coisas e sobre as pessoas. Aprendi assim. As pessoas próximas ou distantes eram avaliadas segundo critérios individuais e subjetivos. Nossa moral nos orientava na vida cotidiana. A mídia e a obsessão publicitária eram consideradas coisas de gente vulgar. Minha madrinha, por exemplo, que era culta e sofisticada, colecionadora, religiosa e democrata, tinha grande admiração por John Keneddy. Após sua morte, disseram horrores sobre ele. Essa vulgaridade jamais abalou sua convicção pessoal sobre o “ grande Keneddy”, um herói da democracia. Minha madrinha morreu há algum tempo, minhas convicções continuaram as mesmas; mas o mundo tem se tornando pior e mais mal frequentado.

Por Rafael Freitas.

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