Sobre o ino.: o italiano moderninho do Rio de Janeiro

Cheguei às sete da noite, faltando ainda meia hora para a abertura.
 
À porta fui impactado por móveis modernos de gosto, digamos, um tanto duvidoso.
 
Mas quem liga para isso quando se sai, em pleno sábado a noite, para conhecer a novidade gastronômica do momento no Rio de Janeiro? Com o meu vinho debaixo do braço, um Louis Latour Pinot Noir 2014, garanti com a simpática hostess uma mesa no salão principal da casa.
 
O “ino.” estava abrindo e ao ser acomodado fui tomado de assalto por berros que vinham do fundo do salão. Me preparei para correr, dado o atual contexto violento que vive a capital fluminense, mas me detive quando percebi que as lamúrias vinham da cozinha. Sim! Eram os gritos do Chef Ernesto me disse um dos garçons. E ele continuou até que a sua performance dramática fosse, graças ao bom Deus, anulada pelo volume das conversas dos comensais quando a casa atingiu a sua lotação.
 
Uma olhada rápida no menu e dei logo de cara com o “ravióli recheado de gema caipira, ricota e espinafre”, acompanhado de “infusão de fungos” e “ar de parmesão trufado”. Fiquei com medo do “ar de parmesão”, mas chamei o garçom e decidi arriscar. O prato chegou à mesa com apresentação esquisita e cá entre nós, a espuma era um salamaleque dos mais dispensáveis. Confesso que tenho um enorme preconceito com espuma e fumaça em comida. Os moleculares podem me condenar à forca. Mas tava gostoso? Achei normal e ainda me arriscaria a dizer que a massa não era fresca.
 
Morri de vontade de provar o polpetone, mas fui advertido pelo garçom que o acompanhamento (no caso um tagliollini na manteiga e sálvia) não poderia ser trocado. Instantaneamente me lembrei dos gritos do Chef na cozinha e decidi não insistir.
 
Bom mesmo estava o prato principal. Uma paleta de cordeiro braseada e laqueada com purê de ervilha, hortelã, laranja bahia e coalhada fresca. Carne macia, suculenta, bem preparada e servida e primorosamente executada. Uma combinação acertada para um dos cortes mais versáteis da gastronomia Ocidental. E um dos meus preferidos.
 
Impulsionado pelo main course arrasador parti para a sobremesa. Até hoje não entendi o que comi. Eis a descrição: “3 X cioccolato: bolo úmido de cacau cremoso 54%, sorvete de chocolate belga e terra de chocolate”. O bolo estava duro, o sorvete pouco e a terra de chocolate passou batida.
 
O ino. é dos mesmos sócios do Piccolo e Più de São Paulo que eu adoro. Uma tratoria moderna no coração do Rio de Janeiro (Botafogo), mas que ainda vai acertar o ponto em alguns aspectos.
 
Assim espero.
 
Por Pedrinho Figueredo
 
*O autor foi ao estabelecimento anonimamente e pagou pelas suas despesas.
 
*As ideias e opiniões expressas nesta publicação são exclusivas do autor e não refletem obrigatoriamente as do Alô Alô Bahia, nem comprometem este veículo de comunicação.

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